Um aparelho que tira a nossa atenção do momento presente. Estamos super conectados à internet, mas cada vez mais desconectados de nós mesmos, do outro, do mundo, da vida que se apresenta no agora, deixando o tempo que não volta mais ser atropelado e consumido pelas telas.
Não quero ser chata e ficar falando o óbvio — o que todos nós já sabemos e que não tem volta. Hoje fazemos tudo pelo celular e não há dúvida de quanto isso facilitou a nossa vida. Eu mesma uso o telefone para trabalhar, fazer meus atendimentos, para me informar e para me distrair.
E o ponto que quero destacar hoje aqui é esse: a distração. No dicionário: falta de concentração dos sentidos no que se passa à volta; desatenção.
Distrair da vida, deixar de estar atento aos nossos sentimentos e pensamentos, e também ao outro. Distrair desse real que muitas vezes pode ser insuportável e incompreensível, mas também belo e fantástico.
Os relacionamentos amorosos atravessados pela distração
Muitas vezes, e isso é cada vez mais comum e frequente em nosso dia a dia, estamos diante de uma pessoa que está ali, mas não está, que ouve, mas não escuta. E às vezes, nem ouve!
É preciso ter cuidado com o tempo que o outro disponibiliza para estar com você e com o tempo que você disponibiliza para estar com o outro.
Estar por inteiro, presente. Será ainda possível?
Se a realidade virtual chama mais que a real, precisamos nos questionar sobre isso. Do que estamos fugindo ou escondendo? O que estamos perdendo? É muito mais fácil se esconder atrás da tela, do que se deparar com o real do encontro com o outro.
Em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Baylor, USA, o fenômeno da interferência dos celulares nas interações pessoais recebeu um nome: ‘phubbing’.
A expressão combina as palavras phoning (ato de usar o celular) e snubbing (esnobar) e define a forma que uma pessoa ignora as outras a sua volta para atender as demandas do telefone, sejam elas importantes ou não.
Mais distração, menos conexão
Pesquisas mostram que os jovens hoje em dia estão transando menos. Jean Twenge, professora de psicologia da Universidade de San Diego, nos diz que isso pode se dar pelo fato de que a hora do sexo compete com as redes sociais, vídeos e todos os atrativos tecnológicos.
Além disso, a tecnologia facilita o acesso ao sexo a distância e muitas pessoas se sentem desestimuladas a conhecer o outro em sua totalidade, devido à onipresença das redes sociais. É mais ‘seguro’ se esconder na segurança da internet.
Se relacionar é arriscado, é perigoso, pois não sabemos as consequências de um envolvimento emocional. Podemos ser rejeitados, mas também podemos encontrar muita satisfação!
Se tem uma coisa que acredito é que nem sempre o caminho mais fácil é o melhor. Pode parecer mais fácil evitar o conflito, evitar o contato, não correr o risco de se envolver e sofrer, ou até mesmo o risco de dar certo!
Essa pulsação, os encontros, os desencontros, todo tipo de emoção e sentimentos, isso se chama VIDA. Mas parece que estamos com medo de viver!
Por isso, fico com Guimarães Rosa (e espero que ele também possa inspirar você):
” A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
Coragem para viver— os encontros e os desencontors, as alegrias e as frustrações. Para viver a vida com menos distração e mais pulsação, onde possamos usar as coisas e não ser dominados por elas.
Faz sentido pra você? Me conta nos comentários.