Quase ninguém quer expor suas tristezas porque afinal de contas isso não dá ibope. Mas é a forma como vivenciamos nossas dores que nos dá pistas sobre a nossa verdade. Sim, a maneira como você sofre e o que te faz sofrer diz muito sobre você.
Ainda que seja uma tendência atual “patologizar” todas as formas de sofrimento, ou, dar nome a formas de expressão do nosso ser que não seja aquela idealizada nos moldes da perfeição, nem todo sofrimento pode ser definido como sintomas ou transformado em diagnósticos fechados e inexatos que reduzem a sua importância na saúde mental da pessoa.
Para a psicanálise, ao mesmo tempo que o sintoma é causa de sofrimento, ele é sempre uma solução. Tem a ver com a história de vida da pessoa ou da sua família. Por isso, ao contrário de outras abordagens psicológicas ou até mesmo da psiquiatria, a intenção não é suprimir o sintoma, mas lançar luz sobre ele para que possa deixar de ser tão necessário.
O sintoma é estruturado pela linguagem, ao modo de uma metáfora — conversões, fobias, ideias obsessivas — e só se completa na relação com o outro, na relação de fala. Em uma análise, ao falar, ao se queixar sobre isso que causa sofrimento, o sintoma vai sendo re-atualizado na relação com o analista, através da recordação e historização que fazem parte do processo analítico.
Na análise, você tem a possibilidade de compreender que a forma como se posiciona e atua na vida tem a ver com como lida com a sua dor — suas causas, mas também a que lhe serve.
Podemos dizer que os efeitos de uma análise provocam uma reversão dos sintomas, que podem levar a uma mudança de posição subjetiva na vida. Ou seja, a pessoa passa a não precisar mais desse sintoma que é causa de sofrimento, e pode reconhecer o seu desejo de outra maneira.
Como você lida com a sua própria dor?