Medo de ficar sozinha: como superar?

O medo de ficar sozinha, muitas vezes, impede as mulheres de saírem de relações tóxicas ou que já terminaram. Infelizmente, vivemos em um mundo onde o machismo é estrutural. Que insiste que uma mulher deve servir, ser gentil, discreta, eficiente, boa dona de casa. Menor.

Quando ela escolhe outra coisa fora do roteiro, servir e cuidar, é julgada. Uma mulher sozinha incomoda. Uma mulher sozinha, livre e feliz, incomoda muito mais. Estar sozinha torna-se, então, um ato revolucionário.

Mas para dar o primeiro passo, é preciso se perguntar: o medo é do quê? Do desconhecido? De envelhecer só? De não dar conta de se bancar? Ou quem sabe, de não saber o que fazer com a liberdade?

Aprender a ficar sozinha é uma conquista

Ficar sozinha não significa estar só. Mas, encarar a solidão é uma chance de se encontrar. É quando você se depara com seus fantasmas, mas também com o seu desejo. Quem sou eu quando não tenho o outro para negociar, culpar ou apontar caminhos?

Estar sozinha passa por conquistar a independência, a autonomia e a liberdade de traçar o seu caminho. De bancar as suas escolhas, mesmo que não se alinhem com o que “esperam” de uma mulher.

É um lugar subjetivo, que exige uma travessia pelos seus medos e fantasias. A separação do outro é também simbólica e exige trabalho interno. É uma conquista, não está dada, mas é o que possibilita o desvio para outros caminhos, mais satisfatórios.

Vou te contar uma história.

Ana, uma paciente, passou três anos numa relação entre términos e reconciliações. Até que chegou no fundo do poço, emocionalmente falando. Mas ao chegar lá, descobriu que o fundo do poço tem mola.

Terminou o seu relacionamento e ficou sozinha, com suas marcas. Marcas de relações conturbadas, tentativas de se encaixar em moldes que nunca foram seus e que prendiam as suas asas.

Ela até sonhou, um dia, com o príncipe encantado, uma casa branca com varanda e crianças correndo pelo quintal. Por algum momento embarcou na fantasia coletiva de um amor tranquilo que durasse para sempre.

Mas, sozinha, pode se escutar, olhar para a sua história e se perguntar sobre seu desejo. Percebeu que nos momentos mais decisivos de sua vida, suas escolhas apontavam para outro horizonte.

Ele queria estudar, viajar, morar fora, aprender novas línguas, conhecer diferentes culturas. E foi o que perseguiu. Realizou boa parte desses sonhos, não todos, mas o suficiente para construir um caminho seu.

Nesse processo, foi se dando conta que não tinha mais medo de ficar sozinha. Porque, na verdade, ela nunca esteve: tinha uma família amorosa, bons amigos, mas principalmente a si mesma.

O medo não era da solidão, mas de, por ela, se encontrar. De se deparar consigo e se ver diante da pergunta: o que eu quero?

O que é eu que vou fazer com essa tal liberdade?

Medo e desejo não são opostos. O que nos assusta, muitas vezes, é justamente aquilo que, em algum lugar profundo, também desejamos.

O medo pode se intensificar quando você está prestes a tocar num ponto vivo de desejo. O medo de ficar sozinha convive com o desejo de liberdade. O medo de perder convive com o desejo de encontrar.

Ana descobriu que seu medo de ficar sozinha era o caminho para um desejo, que, até então, não sabia nomear. O de existir por inteiro. De não se diminuir. De não repetir lugares que a desconectavam de si.

Percebeu que não era a solidão que a assustava, mas a possibilidade de viver uma vida que fosse sua. Porque dá trabalho. E requer coragem.

E você? O que existe por trás do seu medo de ficar sozinha? Pode ser que, ao buscar responder a essa pergunta, você se depare com um desejo contido.

Às vezes, é nesse intervalo que uma nova vida começa.

E se precisar de ajuda nessa jornada, conte comigo!


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Publicado por Adriana Prosdocimi Psicanalista

Psicóloga e psicanalista. Consultas online — uma forma de atendimento que rompe as barreiras da distância, facilitando o acesso ao psicólogo, inclusive para os brasileiros que vivem no exterior.

2 comentários em “Medo de ficar sozinha: como superar?

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