Mais do que tentar entender as emoções vividas num ataque de pânico, é preciso se movimentar em direção à verdade nele contida.
Se houver algo para compreender dessa experiência intensa e marcante, isso só acontecerá depois. Ou seja, o que sobra dessa vivência é o que permite alguma assimilação subjetiva, sempre posterior.
Tanto que não é preciso um perigo real para que um ataque de pânico ocorra. Ao contrário, a incerteza tem um papel decisivo em seu desencadeamento. As pessoas que sofrem ataque de pânico, a princípio, não conseguem relacionar um evento ou causa para tal.
O psicanalista acolhe o sujeito que chega após essa experiência traumática. Aos poucos, isso que estava na dimensão do sem sentido, vai ganhando significado através da palavra.
Pânico e desamparo: um esforço por tocar o impossível
A incerteza que pode desencadear um ataque de pânico tem a ver com o desamparo — que Freud definiu como uma condição fundamental da vida psíquica, referente à total falta de garantias — uma dimensão concreta e insuperável da condição humana.
Para Freud, o desamparo constitui o horizonte último de todo processo no qual a linguagem está engajada. O ataque de pânico seria uma forma desesperada de encarar esse desamparo.
A descoberta de que os perigos podem de fato acontecer, como situações concretas de desamparo, leva o sujeito ao pânico. O ataque de pânico seria, então, uma possibilidade afetiva de enfrentar esta condição de falta de garantias que funda a vida do sujeito.
A cura psicanalítica do pânico
A cura do pânico passa pela confrontação com a condição de desamparo. E isso pode ser a abertura para uma relação criativa com o seu viver.
Essa é a aposta da psicanálise.
Faz sentido pra você? Me conta nos comentários.
Referência: Pânico e Desamparo. Mário Eduardo Costa Pereira.