A psicanálise é uma ciência?

O debate sobre psicanálise, e o que é ciência e pseudociência é importante em tempos onde conhecimentos científicos são questionados e banalizados.

Em pleno 2021 discutimos o obvio. A terra é plana? As vacinas são eficazes? Uma epidemia é só uma ‘gripezinha’? Somos taxados de arrogantes quando falamos com respaldo cientifico.

Além disso, “terapias alternativas” surgem com promessas de cura sem muito embasamento, utilizando conceitos como “quântico” para aplicações que nada tem que ver com a física quântica, por exemplo.

Portanto, a discussão é válida.

O problema é que a psicanálise, ao mesmo tempo que cumpre alguns critérios científicos, como estabelecer um saber capaz de alguma reprodução (método), o objeto da psicanálise (sujeito? linguagem?) torna-se o pivô dessa discussão.

Por isso, é preciso elucidar o que é ciência e o que é psicanálise, para evitar a superficialidade e o descrédito por trás da tentativa taxá-la como uma pseudo ciência, desqualificando e subvalorizando os seus benefícios para a saúde mental. 

O que é ciência?

Para entender o que é ciência, voltaremos nos gregos, que propuseram reflexões e perguntas sobre o que é o conhecimento e como ele se opõe às opiniões.

Introduziram o método da prova, da pergunta, promoveram discussões sobre origem e o objeto do conhecimento, o nascimento da lógica, da razão (logos). Com os gregos, a ciência é um tipo de conhecimento.

Já com Descartes, a ciência depende de um método. No sec. XVIII, com Kant, a ciência só poderá trabalhar com objetos apresentáveis em forma de fenômenos pelo uso da razão, de forma critica, o que permite a sua separação da filosofia. 

A partir do século XIX a ciência se faz em instituições e produz uma comunidade cientifica. Ou seja, o saber cientifico se transforma com o tempo e com a experiência. 

O que é psicanálise?

A psicanálise é um método de tratamento das afecções mentais e também um método de investigação, que nos permite entender e abordar o nosso fazer, o justificando a partir de observações e experimentações empíricas. 

A psicanálise é também uma teoria que tenta dar forma para a prática desses dois métodos. A teoria respalda a prática e não precede a experiência — os conceitos e hipóteses construídos se modificam pela investigação psicanalítica e pela prática clínica. 

Freud, no texto “As pulsões e suas vicissitudes”, diz que a teoria deve se transformar enquanto os efeitos da prática possam criticar os conceitos que ela mesmo produziu. Os conceitos vem da experiência. 

A psicanálise se aproxima de alguns princípios científicos, como se estabelecer como um saber capaz de alguma reprodução (método). Por outro lado, o objeto da psicanálise é difícil de abordar — de um lado a linguagem e do outro, o sujeito. 

Ao enquadrá-la como pseudo ciência toda a aproximação da psicanálise com a ciência é desconsiderada — o fato de seu objeto de estudo ser complexo e subjetivo não impede a comprovação de sua eficácia.

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Referências:

FREUD, S. (1915). As pulsões e suas vicissitudes. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, vol. XIV

DUNKER, Christian. Psicanálise é ciência? Disponível em:  ​​https://www.youtube.com/watch?v=8D09T7i6RZ4


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Publicado por Adriana Prosdocimi Psicanalista

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