Sair da sua cidade natal, do seu ninho, do seu país e escolher viver em terras estrangeiras é uma escolha comum, mas que diz sobre cada um.
São muitos os motivos que levam uma pessoa a viver fora do Brasil, vontade de conhecer outras culturas e paisagens, oportunidades de trabalho, relacionamentos, entre tantos outros.
Recebo em meu consultório online muitas pessoas que vivem no exterior, mas que, mesmo escolhendo viver longe da família, a carregam consigo, simbolicamente.
As dores e as delícias de ser (i)migrante
Deixar minha cidade de origem, foi uma escolha que também fiz, ainda que dentro do meu próprio país. Por acaso, uma das mais acertadas da minha vida, não por estar longe dos meus — um dos aspectos mais difíceis, aliás — mas por encontrar um lugar que me proporciona a qualidade e o estilo de vida que faz sentido para mim.
Viver em terras estrangeiras, mesmo em seu próprio país, não é fácil. A primeira dificuldade, acredito, é o choque cultural. Nada como era antes, ainda que as diferenças sejam mínimas, elas sempre existem. No começo, a gente se encanta com as novidades, depois de um tempo percebe que, assim como todo lugar, esse também tem seus defeitos.
Há um espécie de tempo de adaptação ao ambiente, vamos esperando menos certas coisas, antes conhecidas, entendendo melhor o jeito de ser das pessoas dali e apreciando as particularidades de cada cultura.
Depois de um tempo, o que pesa mais é estar longe da família e dos amigos. A gente perde momentos importantes, não vê os sobrinhos crescerem ou os pais envelhecerem. Perde aquele encontro descontraído das amigas no meio da semana. Por outro lado, retornos pontuais à terra natal, ao longo do tempo, alimentam a alma e produzem um efeito de reconexão com as suas origens.
Distância física e presença simbólica
Mesmo longe fisicamente, a gente carrega dentro da gente, a nossa família. Os laços criados — e a qualidade ou a maneira como foram formados — produzem efeitos na forma como nos relacionamos, no presente, conosco e com os outros.
A distância física se mistura com a presença simbólica da família. Quando estás solo, quando és (i)migrante, parece que tudo fica mais evidente, para quem quer ver. Quando nos afastamos da nossa “casa”, da nossa terra natal, precisamos reconstruí-la, em outro lugar, ao mesmo tempo em que nos reconstituímos à nos mesmos.
Em uma análise, é disso que a gente fala, da nossa história, dos traços, das marcas e memórias que nos afetam e que, de alguma forma, nos levam a questionamentos e indagações sobre como repercutem em nosso comportamento, hoje.
Se precisar de ajuda nesse processo de (des)construção, entre em contato comigo.
Um comentário em “A experiência de ser (i)migrante”