Como o medo de mudar pode nos aprisionar
Outro dia, fui pesquisar a origem da palavra idiota.
Ela vem do grego idiotes e não se referia à falta de inteligência, mas ao cidadão comum que se mantinha alheio à vida pública — alguém fechado em si, indiferente ao que se passava ao redor.
Com o tempo, o sentido mudou. Hoje, “idiota” é usado para falar de quem age sem bom senso, com arrogância ou ingenuidade.
Mas o que nos interessa aqui é que a idiotice pode revelar outro tipo de comportamento: o não querer saber, a recusa a olhar para o que pode te transformar.
O medo de mudar que aprisiona
Não se trata de ignorância, mas de uma recusa. Uma recusa a escutar o que poderia abalar as próprias certezas, a questionar as crenças que sustentam o modo como se enxerga o mundo.
— Quantas vezes você evitou começar um novo projeto ou mudar um hábito por medo de fracassar?
— Ou mantém uma rotina que não gosta porque mudar parece arriscado?
Às vezes, nos apegamos demais às próprias certezas, mesmo quando a realidade nos convida a olhar de outra maneira.
É assim que pequenas prisões psíquicas se formam — construídas por convicções rígidas que nos mantêm fechados, sem perceber.
Muitas vezes, o que nos aprisiona é o medo de mudar — de abrir espaço para o desconhecido em nós.
Como a dúvida pode nos libertar
Todos nós precisamos de alguns pontos fixos — ideias, valores, modos de ver o mundo que nos dão sustentação.
O risco é ficarmos presos a eles por toda a vida, recusando o que poderia nos transformar.
— Você já se pegou insistindo numa ideia apenas por costume?
— Quando foi a última vez que se permitiu duvidar de uma certeza?
Somos todos, em alguma medida, frágeis diante do real — desse ponto em que as palavras falham e o sentido escapa.
E talvez o trabalho de nos escutarmos, de abrirmos espaço para o desconhecido em nós, seja o que nos torna mais livres: menos previsíveis, menos fechados, menos idiotas.
Caminhos para se abrir ao novo
Pequenos passos podem fazer grande diferença:
- Observe quando você resiste à mudança e tente identificar o motivo.
- Questione uma crença fixa por vez, sem pressa ou julgamento.
- Experimente pequenas mudanças na rotina para reduzir o medo.
- Registre sentimentos ou decisões que provocam desconforto — olhar para eles pode revelar novas possibilidades.
A promessa de um percurso de análise — ou simplesmente de um olhar mais honesto sobre si — talvez seja essa: fazer algo novo com o que nos aprisiona.
E você, quantas vezes já se percebeu preso(a) às próprias certezas pelo medo de mudar?
Me conta nos comentários!
Descubra mais sobre Adriana Prosdocimi | Psicóloga e Psicanalista
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Texto necessário, excelente!
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Obrigada! Que bom que gostou 🙂
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