Psicanálise Online: o corpo atravessa a tela

Reflexões sobre os limites e potências da escuta à distância

Vivemos um tempo em que muito do cuidado com a saúde mental acontece de forma online. Essa modalidade ampliou o acesso à análise. Permitiu que pessoas pudessem buscar ajuda, em sua língua materna, mesmo à distância — como brasileiros que vivem em outros países.

Com essa ampliação, surgiram também dúvidas sobre o alcance da terapia online. Em outras palavras, quais seriam os seus limites?

Casos que exigem presença física

Outro dia, ouvi uma crítica que me pareceu legítima. Uma psicanalista apontava os limites dessa modalidade quando se trata de situações que possam exigir intervenção física. Situações em que há um risco da pessoa se machucar ou atentar contra a própria vida. Casos em que o paciente passa por crises que possam exigir acolhimento imediato e/ou contenção.

Essa avaliação é essencial. Nas primeiras sessões, o analista percebe se o caso demanda um cuidado presencial. Quando isso se confirma, não há dúvida: o melhor é encaminhar o paciente para quem possa atendê-lo presencialmente, com os recursos clínicos que o caso exige.

Mas o que se perde, afinal?

Há outro tipo de crítica à clínica online que me inquieta mais. É a ideia de que, nesse formato, por não dividirmos o mesmo espaço físico, algo essencial se perdesse. Como se a análise só fosse válida se feita “corpo a corpo”.

É aqui que faço uma pausa, para pensarmos o corpo na psicanálise.
Não se trata apenas do corpo biológico. Mas também do corpo que sente, que fala, que deseja. Que adoece quando algo não pode ser dito. Que revela o que o sujeito ainda não sabe que sabe.

O corpo na psicanálise

O corpo aparece nos sintomas, nas repetições, nas ausências.
No jeito de falar, no silêncio, na escolha das palavras, no tom da voz.

Para a psicanálise, o corpo é atravessado pela linguagem. Ele é afetado pela história do sujeito, pelas marcas que carrega e pelos sentidos dados ao longo da vida.

“Não há sintoma que não toque o corpo.”
Lacan

A palavra convoca o corpo

Por meio da fala, o corpo aparece nos impasses do desejo, nos modos de sofrer, nos sintomas.
O corpo é memória, afeto, excesso. A palavra convoca o corpo — o corpo que sofre, que goza, que repete, que deseja. E isso tudo atravessa a tela.

A meu ver, em situações que exigem suporte físico, como contenções, a psicanálise precisa ser presencial.
Fora isso, a clínica psicanalítica não depende da proximidade física.
Depende da escuta, da presença ética do analista e do compromisso do sujeito com sua fala.

Psicanálise online é encontro

Os benefícios da análise online superam os seus limites. Seus efeitos são similares aos do atendimento presencial. O que garante a situação analítica não é o lugar onde ela acontece. É o vínculo entre paciente e psicólogo.

Esse vínculo ocorre — e resiste — mesmo que não se esteja no mesmo espaço físico.

A psicanálise online facilita o acesso à terapia e derruba as barreiras da distância geográfica.
Permite que brasileiros que moram fora do Brasil tenham acesso à escuta em sua língua materna.
O que possibilita que possam contar (e recriar) a própria história com palavras carregadas de afeto. Além de se tornar um espaço para falar sobre os atravessamentos, dificuldades e alegrias que fazem parte do ser (i)migrante.


Quer começar uma análise online?

Se você tem dúvidas sobre a análise online — ou sente que algo insiste em retornar na sua vida, como um sintoma, um mal-estar ou um ciclo que se repete — talvez seja tempo de olhar para isso com escuta e cuidado.

A psicanálise pode ser esse espaço de atravessamento. E o corpo, pode ter certeza, atravessa junto.

Entre em contato para saber mais sobre como funciona o processo de análise online. Estou aqui para escutar.


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Publicado por Adriana Prosdocimi Psicanalista

Psicóloga e psicanalista. Consultas online — uma forma de atendimento que rompe as barreiras da distância, facilitando o acesso ao psicólogo, inclusive para os brasileiros que vivem no exterior.

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