Eu estava na África do Sul no dia em que se comemorava 30 anos que os sul-africanos puderam votar democraticamente, inclusive as pessoas pretas. Era o Freedom Day ou Dia da Liberdade.
Esse dia marcou o fim de um longo período de colonialismo e do apartheid — regime político de segregação racial que existiu no país por quase 50 anos.
Foi quando Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente negro do país. Um dia histórico, mas que me fez pensar sobre essa tal liberdade…
O direito ao voto e o fim do regime separatista não significaram igualdade, na prática.
Liberdade para quem?
O que vi, nas minhas andanças pelo país, foi segregação racial e econômica. Os brancos nos melhores picos, em casas e mansões cercadas por grades e alarmes de segurança.
Os negros, filhos dessa terra, África, trabalhando para eles, enquanto sonham com melhores empregos e condições de vida.
O povo preto está nas ruas, implorando por trocados ou revirando lixo atrás de comida. As oportunidades não são as mesmas e, quando são, os brancos saem na frente, pelo simples fato de serem brancos.
Semelhante ao Brasil, você deve estar pensando. Sim, muito, mas ali ainda é mais gritante a diferença social e econômica determinada pela cor da pele!
A carne mais barata do mercado
A África do Sul é o país mais desigual do mundo, segundo o Banco Mundial — 10% da população detém mais de 80% da riqueza.
O aspecto racial é fator determinante na alta desigualdade, pois impacta a educação e o mercado de trabalho.
30 anos após o fim do apartheid, seu ranço separatista e o legado do colonialismo seguem enraizados na segregação racial e social, reforçando as desigualdades.
Falo da perspectiva de uma viajante, que se encanta com as belezas naturais desse país, mas que se entristece com esse cenário.
E, no Dia da Liberdade, na África do Sul, vivendo essas contradições na pele, fiquei com a pergunta:
— Liberdade para quem?!
Descubra mais sobre Adriana Prosdocimi | Psicóloga e Psicanalista
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3 comentários em “África do Sul: 30 Anos do Freedom Day e as marcas da Desigualdade Racial”